Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos nasceu na Casa do Marvão, em S. Romão do Corgo, no município de Celorico de Basto, a 7 de Julho de 1902.
Morreria, depois de um longo sofrimento fisico, na madrugada de 4 de Julho de 1932, e o seu túmulo, em S. Romão do Corgo, é lugar de permanente peregrinação.
Estamos, pois, perante um celoricense, do nascimento à morte, e que fez sempre questão em manter bem vivas as suas raízes. Daí o júbilo em que o Presidente da Assembléia Municipal de Celorico de Basto evoca a pessoa e o percurso deste celoricense invulgar.
E de um celoricense invulgar se trata, de facto, pois Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos deixou, desde logo, um traço impressivo, como líder espiritual da juventude do seu tempo.
Na Conferência de S. Vicente de Paulo em Coimbra. Na revista Estudos do Centro Acadêmico da Democracia Cristã (C.A.D.C.). Como Vice-Presidente da Direcção da Conferência e do C.A.D.C.. Enquanto Presidente da Liga Eucarística nele criada para dar força acrescida à vida cristã dos associados.
Líder espiritual, sem dúvida, mas ao serviço dos outros, em humildade, em oração, em doação.
Isto, quando os tempos eram bem difíceis, já que as décadas de 10 e 20 do século passado conheciam ventos anticlericais e anticatólicos muito fortes e um racionalismo sociológico e ultra-liberal acreditava que
estava a chegar a hora da morte da nossa secular tradição cristã.
Mas nem só de afirmação juvenil se fez a distinção de Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos.
Desde 1924 Frei Bernardo, da Ordem de S. Bento, os últimos dos anos da sua vida seriam de serviço, mas daquele serviço que mais exige dos humanos: a provação da dor fisica, do sofrimento longo impedioso; no Porto, na Falperra, na Póvoa de Varzim, na Foz do Douro.
E a tudo resistiu, com uma aceitação cheia de fé da missão redenlora da dor, estudando, escrevendo, dando testemunho de vida.
Também lenitivo para a sua doença implacável seria a profissão solene e definitiva em 29 de Setembro de 1928.
Numa palavra: o líder espiritual da juventude, pelo desprendimento e o serviço dos outros, atingiu a expressão suprema da sua doação no modo como encarou o seu destino, fazendo da vida uma oblação em que o amor a Deus e o exemplo aos outros se fundiram, com toda a naturalidade.
A santidade, que tantos dos seus condiscípulos ou contemporâneos nele apontavam como maneira de ser, foi encontrar, depois da sua morte, sustentação num rosário de intercessões que apontam para o legítimo desígnio da beatificação.
E, volvidos cem anos sobre o seu nascimento, cresce, no município de Celorico de Basto que o viu nascer, tal como na diocese de Braga a que se encontra ligado, o respeito e o culto das suas virtudes cristãs e humanas bem como a convicção da sua valia ímpar aos olhos de Deus, tanto ou mais ainda do que aos dos homens.
Aí reside o essencial da distinção de Frei Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos: a sua santidade é dom de Deus, apreciado e louvado pela Igreja a que pertenceu e pertence, mas é, por igual, exemplo para todos os humanos.
Numa era de egoísmo, de hedonismo, de mitificação do prazer físico e da felicidade imediata, a vida desde celoriense ilustre sobressai pelos trilhos da dignidade, do sacrifício, da provação e da entrega absoluta.
E é ao recordarmos por onde andou e o que padeceu, como ao lermos o que escreveu que entendemos, num ápice, a relatividade, o efêmero, a pequenez de tanto daquilo que nos habituamos a ver, a julgar ou a sentir como decisivo no nosso dia a dia.
Cem anos depois, é sempre tempo de aprender a lição do essencial da vida.
Fermil de Bastos, 17 de Março de 2002
Marcelo Rebelo de Sousa
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Citações favoritas:
"A renúncia é o caminho..."
"Não chorem. Eu vou para o Céu.
Jesus! jesus! Eu sou todo de Jesus"
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